quarta-feira, 29 de abril de 2009

Escolhas

Ele não conseguia levantar, não tinha percebido como estava cansado. Ficou lá deitado, sem forças para se mover. Sua força tinha lhe deixado, sua fé vacilado. Sua vontade não existia, decidiu que nada iria fazer. Pareceu que o tempo ia parar, seria bom se acontecesse. Ele só queria descansar.

Ele não podia pensar, sua cabeça doía demais. As lembranças dançavam bêbadas, sapateando em seu cérebro, enquanto os pensamentos faziam pressão para sair. Parecia que sua cabeça ia explodir. Até quis que acontecesse, quem sabe assim a dor passasse. Ele só queria ficar em paz.

Ele nada pôde fazer para evitar que a tristeza invadisse a sua fortaleza, seu coração, de tão vazio, quis que algo lhe preenchesse, e assim a tristeza entrou. Sentiu o toque frio que lhe invadia o peito, achou que iria morrer, sentiu seu coração ainda lutar, ele não queria isso. Ele queria o fim.

Ele então lembrou dela, sabia que ela não estava ali, mas achava que podia vê-la assim mesmo. Lembrou dos olhos, que de tão escuros, pareciam dois buracos negros a lhe puxar para junto dela. Lembrou dos cabelos, também escuros, que brilhavam como prata a luz do luar. Ele decidiu que a queria.

Mas sabia que hoje ela não estaria lá, pois ele já tinha feito a sua escolha e como ela tinha dito, quando se faz uma escolha não tem com voltar atrás. Escolheu não abraçá-la por medo, e agora só podia tentar sobreviver sem ela. Toda escolha tem um preço a ser pago, ele sabia disso. Agora só lhe restava a dúvida, a pior das companhias.

PS1: Para melhor entender leia o post: “Perseguição” e descubra quem é “ela”.

PS2: Obrigado a todos que estão lendo minhas histórias, obrigado tanto pelos elogios quanto pelas críticas construtivas.

Segundo Selo

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"Regras deste selo: Esse é o Troféu do Amigo! Esses blogs são extremamente charmosos. Esses blogueiros têm o objetivo de se achar e serem amigos. Eles não estão interessados em se auto promover. Nossa esperança é que quando os laços desse troféu são cortados ainda mais amizades sejam propagadas. Entregue esse troféu para oito blogueiros(as) que devem escolher oito outros blogueiros(as) e incluir esse texto junto com seu troféu!!!"


Indicados:



http://hoppipollablog.blogspot.com/
http://escritosdejoseanecosta.blogspot.com/
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Primeiro Selo

selo dado por http://cunhabom.blogspot.com/

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Regras:
1) Exibir a imagem do selo "Seu blog é ROXIE!" e escrever essas regras abaixo dele.
2) Colocar quem te deu o selo nos seus blogs indicados (amigos).
3) Escrever 5 coisas que são ROXIE (1ª sobre música, 2ª sobre televisão e cinema, 3ª três países que gostaria de conhecer, 4ª três cores favoritas e 5ª três hobbies)
4) Indicar 10 blogs que você ache ROXIE.
5) Avise a pessoa (LÓGICO).
As cinco coisas ROXIE:



1) Pearl Jam é a melhor banda do mundo

2) Televisão aberta nao presta e cinema é a maior das artes

3) Reino Unido, Japão e Grécia

4) Azul, preto e verde

5) Ler, escrever e colecionar

meus indicados

http://cunhabom.blogspot.com/
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domingo, 26 de abril de 2009

O deserto

Lá estava ele, no lugar onde passara a maior parte de sua vida. Achava curioso o fato de ainda poder reconhecer aquele lugar, mesmo depois de tantos anos. Caminhara muito para chegar lá e logo que chegou percebera que tudo estava intocado.
Quando começou a sua viagem não sabia onde a estrada estava lhe levando. Ele simplesmente trilhou o caminho, só percebeu onde estava indo quando estrada terminou. Era um deserto, não com aquelas dunas de areia, ventos ou um sol escaldante.
A paisagem se resumia a uma imensa planície, onde o solo parecia ter sido vítima de um grande terremoto, rachaduras rasgavam-no formando intricados desenhos que pareciam ter sentido, mas que no fundo não eram nada. O céu era encoberto por nuvens cinza, nuvens que pareciam provir de algum incêndio. A única luz a iluminar tudo era proveniente de um sol em eterno crespúsculo.
Já estivera naquele lugar várias vezes, mas toda vez que chegava ou saia de lá, não conseguia entender como. Estava pensando nisso, tentando lembrar uma forma de sair de lá, de voltar ao começo da estrada que o levou até lá para não se perder denovo, mas por mais que tentasse não lhe era possível lembrar ou encontrar o caminho que o levou até lá.
Estava tão cansado depois de tanto procurar que resolveu descansar, talvez até conseguisse dormir. Ficou lá deitado por horas (ou foram dias?), sem conseguir se mexer, só observando aquela luz triste que mais lhe oprimia do que iluminava. Não havia muito para ver ou ainda para comer ou beber, só havia areia e as suas lembranças.
Então lembrou de uma época na qual conheceu as oito pessoas que o tiraram daquele lugar pela primeira vez. Aquelas pessoas mostraram-lhe o mundo da forma na qual ele fora moldado, um lugar onde você podia encontrar toda a luz que precisasse, mas que da luz vinham as sombras.
Entrara para aquele grupo com admiração, respeito e amor. Todos ali sabiam que podiam contar uns com os outros, juntos eles eram invencíveis.Era um grupo de sonhadores, pessoas que tinham esperança e confiança como sua melhor arma. Mal sabiam eles como estavam certos, pois quando a vida começou a separá-los, levando um de cada vez para longe dos que ficavam, tudo começou mudar.
Ele viu um a um se transformando e mudando, observou calado quando a distância entre eles crescia cada vez mais. Podia ver, podia sentir isso, mas preferiu ter fé. E no fim sua fé não foi o suficiente, e acabou voltando ao início. Voltou para aquele deserto.
Levantou e olhou para a direção de onde a luz parecia vim, decidiu que iria sair sozinho de lá. Não ia esperar por ajuda, sabia que dessa vez nenhuma ajuda viria, dessa vez só podia contar consigo mesmo. Respirou fundo tentando de alguma forma se sentir mais forte, mas não adiantou muito, mesmo assim começou a caminhar denovo. Estava partindo e prometeu a si mesmo que nunca mais iria voltar àquele lugar.

terça-feira, 21 de abril de 2009

A Torre

Estar naquela torre sempre fora uma experiência aterrorizante para ele. Além do temor que nutria por alturas, estar lá no lugar mais alto do seu reino onde podia ver tudo, sempre lhe fazia sentir frágil, sentimento cujo qual lhe fora por toda vida, o seu maior temor. Felizmente aprendeu a enfrentar esse medo para não deixar que ele se tornasse uma barreira para o que desejava. Por isso sempre voltava àquela torre, para enfrentar o seu medo.
Do alto da torre podia ver tudo que construiu e tudo que lhe era importante, conseguia lembrar de cada pedra que erigira para construir o seu castelo, lembrava o nome de todas as pessoas que moravam em seu reino, tinha decorado cada pedra, cada árvore, todos os detalhes do que fora feito ali. O que incluía a Floresta Solitária.
Lembrava da época que costumava perambular por suas trilhas confusas, ou quando ficava vários dias e noites enclausurado lá, deitado olhando como o passar do dias afetavam aquele lugar. Sempre fora o seu lugar favorito do seu reino, até que a floresta foi ficando cada vez mais escura, a cada dia que passava ali parecia que ia ficando cada vez mais difícil para a luz do sol adentrar aquele lugar.
Logo que percebeu isso, saíra de lá e nunca mais retornou. E foi quando saiu de lá que viu as pessoas que já moravam naquela terra, foi quando começou construção do seu reino. Um lugar feito de lembranças, fortificado com esperança e habitado com amor, pois reinara para os seus.
E hoje descobriu o que habitava aquele lugar, o que impedia que o sol iluminasse o interior da floresta. Era um dragão e hoje a criatura resolvera sair do seu abrigo. Observava o enorme monstro voando e destruindo tudo que levara uma vida inteira para construir, as chamas que saiam da sua boca engoliam tudo, ele estava transformando o seu reino em um monte de cinzas que já impregnavam o ar, levadas pelo vento fétido da morte.
Olhava isso acontecer de forma impassível, sabia que nada podia fazer. Aquele monstro esperou durante muitos anos para efetuar a sua vingança. Sabia que ele esperou até quando ele se tornasse o mais forte, hoje essa luta estava perdida. Lágrimas escorriam, deixando marcas nos lugares onde limpavam as cinzas do seu rosto.
A única coisa que pôde fazer foi uma prece silenciosa para que sobrevivesse a esse ataque para que tivesse a oportunidade de construir tudo denovo, amava o que estava sendo destruído, mas lembrava do porque que de amar cada pedacinho do seu reino. Amava aquele reino porque o construíra com suas próprias mãos e tinha forças para fazer tudo denovo, nem que tivesse que fazer tudo sozinho.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Sonhos, Pesadelos e Mudanças

Ele quase nunca sonhava, pelo menos era isso que acreditava. As pessoas diziam que era impossível, todos sonham durante o sono mas muitas vezes não lembravam. Ele tinha certeza quando não sonhava.
Sabia quando acontecia porque ele não dormia quando sonhava, parece um paradoxo, mas era isso que acontecia. Quando tinha um sonho ele não se sentia acordando pela manhã e sim simplesmente abrindo os olhos, por isso odiava sonhar.
Os sonhos sempre pareciam tão reais que tinha a sensação de que não dormira mas que realmente vivera aquela experiência. Fato que para ele estragava o seu dia, sempre que “acordava” depois de uma noite dessas se sentia tão frustrado que não conseguia disfarçar o seu mau humor.
Odiava sonhar, por que nós tínhamos a necessidade de vivenciar algo tão fútil e irreal? Por que perder tempo com algo que tinha certeza que não ia acontecer? Suas noites de sonos eram muito importantes para serem desperdiçadas assim, ele precisava de paz, precisava não pensar em nada, precisava simplesmente dormir.
Durante a maior parte da sua vida só tivera um pesadelo que eventualmente se repetia. Não era comum isso acontecer, nunca entendera o que naquela noite ou dia em particular o levava a sonhá-lo, pois a primeira vez que o teve foi há tanto tempo que nem consegue se lembrar com que idade aconteceu. Muito menos conseguiu decifrar o que o fazia se repetir, o fato interessante aqui era que não odiava ter pesadelos, e daí se acordava no meio da noite assustado? Pelo menos podia voltar a dormir e descansar sua mente.
Assim eram suas noites de sonos, na grande maioria das vezes ao pegar no sono sua mente conseguia descansar, às vezes acordava no meio da noite e outras vezes passava a noite inteira acordado sonhando algo que não queria.
Era assim até que tudo mudou, ele nunca gostou de mudanças. Sabia o quanto mudanças eram necessárias, e que muitas vezes eram boas, mas não gostava. Principalmente quando começou a sonhar todas as noites, fazendo com que se sentisse tão cansado e deprimido que não conseguia fazer nada durante o dia, e ainda, o bom velho pesadelo com o qual já estava acostumado sumiu, fazendo com que ele tivesse pesadelos que realmente lhe assustavam, que lhe faziam acordar no meio da noite sem conseguir respirar, ou que não lhe deixavam voltar a dormir. “Tudo pode piorar”, um amigo sempre lhe dizia em um tom brincalhão, infelizmente para ele, era verdade. Por isso não gostava de mudanças, quando algo mudava tinha metade de chances de ser para pior. E na minha opinião metade nesse caso é muito.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Quando Acontece

Era mais um dia em que ele sentia todo o peso do mundo nas suas costas. Sentia-se cansado, e desanimado. Mas com muita força de vontade tinha conseguido sair da cama para enfrentar mais um dia.
Assim saiu de casa sem esperar muito da vida, achando que nada importante ia acontecer, mas foi ai que enquanto estava sentado no ônibus, tão absorto em seus pensamentos que mal percebia o trajeto da viagem, ele percebeu que alguém sentara ao seu lado.
Isso lhe tirou do seu torpor, ele levantou a cabeça e com um reflexo olhou para quem estava lá. Foi ai que a vida resolveu lhe pegar de surpresa. Seu olhar foi recebido com um sorriso e um breve “Oi”, vindos de uma garota de belos olhos castanhos.
Sentiu-se um pouco desconfortável, afinal tinha sido pego desprevenido. Mal conseguiu balbuciar uma resposta, e ela não parava de sorrir do seu jeito atrapalhado ao que ele não parava de olhar nos olhos dela. Ele estava confuso, não sabia direito se era o sono, mas o sol parecia incidir sobre o rosto dela ressaltando o brilho dos seus olhos e iluminando o rosto dela.
Foi ai que ele sorriu também e se sentiu relaxado, ela começou a falar com ele, coisas triviais, banais no começo. Depois a conversa foi se aprofundando, ambos com vontade de saber mais sobre o outro, para quem os olhasse pareciam que eram antigos conhecidos, estavam tão a vontade um com o outro.
Mas como toda viagem, aquela também tinha um fim, os dois por coincidência tinham que descer no mesmo ponto. Ele sentiu que não deveria se despedir, mas tinha coisas a fazer e sabia que ela também, ficou lá a olhando nos olhos, adorava aquele olhar ainda mais quando estava acompanhado daquele sorriso, então ouviu um “tchau”, não conseguiu dizer nada. Ela começou a se afastar, enquanto ele ficou lá parado vendo-a se afastar, segurava um papel na mão que continha o telefone dela. Depois de alguns segundos ele seguiu o seu caminho, mas agora se sentiu mais descansado, mais animado.
Assim as coisas acontecem, quando menos se espera. Ele pensava nisso, passou o dia todo pensando nisso, a vida é assim, um caminho onde as coisas aconteciam.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Noites de Insônia

Hoje ele não ia dormir. Depois da primeira hora passada tentando atingir o estado de paz necessário para isso sem sucesso, resolveu desistir. Sempre odiava quando isso acontecia, afinal não era a primeira vez que a insônia lhe alcançava. Sempre houve noites, desde sua infância, em que os pensamentos da sua cabeça pareciam ter vida e que tinham decidido se rebelar fazendo a maior bagunça, impedindo que ele dormisse.
Era só mais uma noite dessas onde muitas coisas passavam por sua cabeça, idéias, lembranças, desejos e acima de tudo preocupações. Ele nunca foi de se esconder dos seus problemas ou das suas dores, gostava de costurar as feridas e consertar as coisas logo de uma vez, nunca gostou de esperar. Fato que fazia de noites como essa serem mais difíceis de lidar.
A primeira vez em que teve uma noite dessas foi na sua infância, quando descobriu que tinha medo do que não podia ver. Foi na primeira vez em que teve um pesadelo, acordou de sobressalto sem conseguir respirar de tanto medo que sentia. A sua primeira noite de insônia, tentou voltar a dormir, mas não conseguiu, ficou pensando em coisas que crianças não costumam se dar conta ou mesmo conseguem entender, então resolveu ficar acordado.
Naquela noite assistiu TV e viu o seu primeiro amanhecer, quando amanheceu e a luz voltou ao seu mundo é que conseguiu voltar a dormir. Essa noite específica lhe mostrou duas coisas, que no momento ele não tinha entendido por ser ainda muito jovem. A primeira foi que gostava de ver o nascer do sol, foi uma experiência de contraste que lhe marcou, depois disso viu o nascer do sol centenas de vezes e quando acontecia ele tentava voltar àquela época onde a vida era mais fácil. A segunda foi o fato de não gostar do escuro, ele descobriu mais tarde que preferia fazer o que lhe dava mais prazer à noite, mas sempre carregou consigo o medo do escuro, não era um medo infantil, era mais uma insegurança de não poder ver o que queria ver, ele mesmo nunca entendeu. Aprendeu a gostar da noite e descobriu que na verdade a temia, pois ele, como muitas outras pessoas, descobriu que a noite desperta o que dormiu durante o dia.
E essa era outra noite dessas, mesmo depois de tantos anos não tinha aprendido a lidar com isso. Realmente parecia que seus pensamentos tinham resolvido sentar para conversar, o que no final com certeza acabou em discussão. Nessas noites ele só desejava ser mais “comum”, pois ele via as pessoas de duas formas: as inconscientes que de nada sabiam ou viam e não se importavam em não saber, e as conscientes que se importavam e sempre estavam em luta com o que sabiam.
Afinal a ignorância e a normalidade do comum e do regular era fortalezas para que as pessoas dormissem em paz, sem nem notar as ondas de bárbaros tentando invadir o seu castelo. Já aqueles, que como ele, se tornaram conscientes do mundo a sua volta, e que sabia que era correto se importar com esse mundo, estavam abrigadas em trincheiras onde ao menor sinal de perigo tinha que se levantar para lutar.
Era assim que se sentia em noites como essa, em luta consigo mesmo e com as decisões e ações que deveria tomar no dia seguinte para sanar as feridas que mundo lhe afligia ou nas pessoas que amava, e como desejava aquele sono reconfortante de paz e ignorância. Não tinha como mudar isso, estava em guerra, só lhe restava ir ver mais um raiar do sol, e assim que a luz do dia voltasse ao mundo, voltaria luta olhando os inimigos nos olhos.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Aprender a Viver

Desde criança sempre fora muito racional, nasceu com a dádiva de perceber e entender o que estava acontecendo a sua volta. Cresceu ouvindo que o mundo que vivia era um lugar difícil. Logo percebeu que isso era verdade, pois via e ouvia o que acontecia, ninguém tentara esconder como ele tinha que ser para poder viver nesse mundo.
Dessa forma ele logo percebeu e entendeu o mundo onde vivia. Era um lugar onde o egoísmo e a vaidade eram qualidades. Um mundo em que a vida das pessoas nada significa, onde a diferença entre matar ou morrer era um questão de quem atirava primeiro. Um mundo onde parecia tudo estar ao contrário. Mas que mundo era esse que o mais importante era o que se tinha, não o que se era. Como viver sabendo onde mentir era uma forma de se defender, e a verdade e a sinceridade eram tidas como coisas completamente estranhas. Sentia em seu coração que algo estava errado, mas será que alguém mais sentia? Afinal como poderia estar certo as pessoas serem capazes de tantas coisas ruins. Ele nunca se apegou ao conceito de que deveria haver justiça aos que ele considerava mal, mas sim que alguém mais naquele mundo deveria sentir as coisas como ele sentia, não queria ser o que estava se tornando mais ou era isso, ou morrer, ou quem sabe coisa pior. Ele sabia disso, assim a única coisa era aprender a ser como os outros.
Crescer rápido foi a primeira coisa que aprendeu, pois ninguém pode esperar por ninguém, quem chegar primeiro é quem pode ser feliz. Depois aprendeu a mentir, quem mente bem sofre menos. Aprendeu o egoísmo, porque se você não pensar em sim próprio ninguém vai fazer isso por você. Ai teve que aprender o mais difícil, tinha que aprender a não sentir nada, não podia se apegar, pois as pessoas podiam abandoná-lo, não podia confiar, porque as pessoas sempre iriam lhe decepcionar, e se não quisesse se magoar não podia amar.
Assim eram as pessoas que viviam naquele mundo, e ele logo se tornou igual a elas, viveu dessa forma e apesar do que sentia, percebeu que realmente funcionava. Nunca se decepcionou, jamais se magoou, não sofreu nenhuma decepção, viveu e aproveitou tudo o que lhe disseram para aproveitar. De tudo experimentou, usou quem teve que usar, enganou quem se deixou enganar. Usou tudo e a todos, dessa forma viveu a sua vida e no fim dela, se sentiu satisfeito, afinal tinha feito o melhor que podia, o que mais poderia ter feito?

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Erros e Falhas

Esse mês foi o meu aniversário, e como não podia deixar de ser, pensei em como vivi minha vida até aqui. Há muito tempo que eu não paro e reflito sobre o passado, pois devido a motivos que hoje não existem mais, só pensava em meu futuro. Então pude perceber uma constante que pesou bastante em minha vida: os meus erros.
Como qualquer pessoa normal eu errei muito na vida, fiz as minhas besteiras, a maioria delas por pensar que sabia o que estava fazendo. Fato que no futuro me mostrou, na verdade, o quão presunçoso eu fui.
Hoje eu olho o meu passado e vejo meus defeitos. Olho para minha hipocrisia e minha arrogância com certa vergonha, por tê-los percebido só agora, rezo para que tenha sido a tempo. Agora os assumo para tentar superá-los porque percebi que essas falhas a muitos anos me acompanham. Sei que pode ser um pouco tarde, admito, mas como diz o clichê: “antes tarde do que nunca”.
O porém de tudo isso é que não cometi nenhum erro sem ter pago por ele. Paguei tudo o que devia. Algumas vezes com o meu próprio sofrimento outras vezes a cobrança veio através de fracassos nas escolhas que fiz.
Fiz pessoas sofrerem com os meus erros, mas ao mesmo tempo sofri com elas. Vi grande parte da minha vida se desmoronando e virando um grande entulho. Cada passo em falso, cada deslize de caráter ou erro de julgamento a vida me cobrou com juros.
Hoje, eu vejo tudo isso e admito minhas falhas, aprendi a ser humilde e admitir quando estou errado. Levei muitos anos para conseguir fazer isso, e peço desculpas a todos que fiz sofrer, pois posso dizer com toda a sinceridade que não foi minha intenção. Agora nesse momento em que reconstruo a minha vida a partir do que me sobrou, tenho esperança já que em cada lágrima derramada, em cada gota de suor ou de sangue que escorreu, que não foi em vão e por isso me sinto bem comigo mesmo.
Sei o que eu devo fazer, apesar de muitas vezes não ser fácil, mas isso me conforta. O que pude aprender me motiva porque pode ter certeza que não cometerei os mesmos erros denovo, não quero perder mais nada na minha vida, já perdi muito, e agora que tenho tão pouco não vou deixar mais acontecer.