segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Carta ao Viajante

"Se porventura nos econtrarmos, você pode me perguntar o que desejar, e eu responderei com a honestidade e sinceridade que me são inerentes, mesmo assim não poderá ter a real noção de chegar até aqui, o caminho é diferente para cada um assim como o destino que nos agurda no fim dele. Foi uma longa viagem, isso você pode ter certeza, não pelo tempo transcorrido e sim pelo caminho trilhado.


O objetivo óbvio de se viajar é chegar a algum lugar, e aqui estou eu, de pé, sentindo a areia massagear meus pés enquanto pressiono meus dedos contra o chão. Sinto uma brisa fresca acariciar meu rosto, fazendo anuviar minhas dores. Ouço o som das ondas do mar, em seu eterno ritmo, um compasso perfeito que nunca se repete.


O cansaço me toma e não consigo mais ficar de pé, então exausto me ajoelho e agradeço por enfim ter terminado. Nada mais deveria provar, os testes já se terminaram, as dúvidas se calaram e meu corpo podia então descansar para, quem sabe assim, meu coração parar de se sentir tão angustiado pelo que teve que suportar. Temia pelo fim por não saber o que esperar, agora se sentia um tolo por isso, essa esperava ser a última lição a ser aprendida: o medo é a virtude dos tolos.


Deixei essa carta, com essa narração de como foi concluir minha jornada, para os outros que, assim como você, conseguiram chegar aqui, desejo compartilhar contigo a alegria de ter concluído minha jornada já que a felicidade é um prêmio a ser compartilhado e não um tesouro a ser escondido. Desejo a você que ler essa carta o mesmo que sinto ao escrevê-la e boa sorte, afinal o que descobrimos na conclusão de qualquer viagem é que o fim só existe para os fracos. "

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Feridas do Passado

Depois de algum tempo afastado estou voltando, vou tentar postar algo uma vez por semana. Espero que aos que lerem gostem, mas senão gostarem por favor podem criticar, já que estou receoso por ter perdido o ritmo. Um abraço a todos.



Estava perdido em algum lugar dentro de si mesmo naquela noite, em mais uma viagem nostálgica ao seu passado. Ele era um hipócrita, disso ele sabia, mas só o admitia pra si mesmo. Sempre falava sobre não repetir o passado, aprender e esquecer, mas precisava de suas lembranças, das suas piores lembranças, e principalmente naquela noite onde mais uma ferida era acrescentada a sua alma.


O vinho que descia pela sua garganta não tinha nenhum sabor, só conseguia sentir o peso da bebida e força de seu teor alcoólico, e isso era o que realmente importava. Não tinha a mínima idéia de onde estava, perdido por ruas escuras e desconhecidas, e, caminhando com dificuldade, seu pensamento estava focado em não derrubar a garrafa que segurava e nos fantasmas que o seguiam.


Hoje conseguiu o que queria, suas feridas voltaram a sangrar, não podia deixá-las cicatrizar, pois elas lhe faziam se sentir único e especial, a vida era sua musa e a dor sua inspiração. Por vezes, via sombras passarem por ele. Formas indistintas de pessoas que esbarravam nele quase o derrubando, se misturando com os fantasmas de seu passado.


Estava mais uma vez sozinho, caminhando sem destino. Sua alma estava no torpor de um sonho profundo, sua mente confusa pelo vinho e seu coração doía pelas feridas abertas.