sábado, 27 de junho de 2009

campeão, 2ª parte

Desde o começo, só conseguia ouvir o som das batidas em seu peito. Eram tão fortes que pareciam fazer vibrar todo seu corpo até chegar aos seus ouvidos. Era parte dele, aquele coração pulsante. A tudo ele sentia, cada hesitação dos seus golpes, a incerteza da vitória ou a fúria que muitas vezes lhe tomava e queimava em seu peito, fazendo-o desprevenido e descuidado. Aquele coração era a antena de tudo isso, e o seu inimigo já aprendera o seu ponto fraco.
Naquele momento em que se apoiava naquela árvore, já sabia que iria perder. Esse sentimento já estava lá, bem no fundo, fugindo e se escondendo para que ele não soubesse, mas ele sabia. Poucas coisas além do que sentia ele conseguia entender. E essa era uma delas, a mente do seu inimigo ia vencer o seu coração de lutador.
Nem por isso ele desistiria, não até o último golpe. Seu coração o impedia disso, o impedia de pensar. Aquele coração o controlava e iria fazê-lo continuar lutando. Ele estava cansado, não da luta em si, não seu corpo. Mas ele sentia o cansaço lhe tomando. Precisava terminar aquela luta, o fim era o que desejava.
Quando viu seu inimigo se entregar, fez o que sempre fazia. Entregou-se a paixão do momento e correu para a vitória, contra todas as expectativas acreditou que o fim daquela luta seria diferente do que acreditara. Assim partiu para cima de seu oponente, e caiu na armadilha.
Agora não podia ouvir o som que lhe acalentou e motivou durante tanto tempo. Só podia sentir o vazio e ouvir o silêncio, mesmo assim estava feliz. Olhou para seu inimigo bem no fundo dos olhos, sabia que ele entenderia. Somente ele podia entendê-lo tão bem, pois eles dois eram a mesma pessoa. Duas partes de um só, que no fim seriam apenas uma. O campeão.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Campeão

Não sabia há quanto tempo estava lutando. Talvez fosse a vida toda, talvez não. Era impossível dizer, só conseguia se lembrar de estar nessa batalha. Uma luta sem fim contra o único inimigo que conhecera. Não poderia explicar o porquê da luta, somente sabia o que aprendera durante a vida que desperdiçara nessa disputa. Já conheciam os pontos fortes e fracos um do outro, mas até agora a batalha continuava empatada.

Ele tinha a força de vontade de sua concentração. Sua mente era forte, ela comandava seu corpo obrigando-o a continuar. O inimigo era persistente, seu coração batia forte em seu peito, fazendo seu corpo ser mais resistente ao cansaço. Ele não conseguia mais continuar, estava cansado demais.

Decidiu descansar apoiado sobre seu joelho direito, na mão direita a espada e no braço esquerdo o escudo. Fincou a espada no chão e a usou para descansar o pescoço, colocando a mão direita sobre a ponta do cabo e descansando a testa nela. Seu pescoço doía muito devido ao peso do elmo que protegia sua fronte. Decido ao peso da sua armadura e de seu armamento, já sentia o afundar de seu joelho na neve. O frio o lembrou de ficar acordado, não podia desistir, isso era algo que sua mente jamais o deixaria fazer.

Seu inimigo estava de pé encostado numa árvore, ele fora mais inteligente, afinal poderia descansar, e ao mesmo tempo, não teria que fazer o esforço brutal necessário pra levantar com todo aquele peso. Suas armaduras eram idênticas, assim como suas armas e seus olhos. Tudo idêntico, um espelho era o que via ao olhá-lo, e da mesma forma eles eram tão diferentes. Na forma como lutavam, olhavam um para o outro ou ainda como viam o desenrolar da batalha, a única coisa em comum que tinham era a vontade de vencer.

Percebeu que seu inimigo já estava descansado, devido a força do seu coração, esperava por ele se levantar para continuar. Mas ele ficou lá a encará-lo, tentando perscrutar uma forma de vencê-lo, sabia que era só uma questão de tempo, logo estaria derrotado. Mesmo com toda a força de vontade da sua mente, o coração que bombeava o sangue nas veias de seu inimigo era incansável, ao contrário de seu corpo que estava quase resolvendo não fazer o que o cérebro ordenava.

Dessa forma, deixou a espada fincada ao chão e levantou a cabeça. Com a mão direita soltou as amarras do escudo e o largou no chão, afundando na neve, que não parava de cair em flocos contínuos. Conseguiu se levantar sem o peso extra, seu inimigo o olhava confuso, tentando entender o que estava acontecendo. Usando ambas as mãos retirou o elmo, ele estreitava sua visão e o distraía, quando seu peso fazia com que sua cabeça pendesse devido ao cansaço.

Assim, ele ficou de pé com a espada fincada ao chão, esperando. A cada inspiração, o ar frio parecia furar seus pulmões, a dor era muito forte, mas mantinha-o concentrado. Com a dor sua mente ainda podia lidar e agora o cansaço estava mais controlado, devido à diminuição do peso que estava carregando. Abriu os braços e esperou, seu olhar era o do entendimento de que o fim estava próximo e não podia esperar. Então seu inimigo, usando toda a energia que pulsava em seu corpo, devido à ânsia de ter conseguido sobreviver até esse momento, partiu em direção dele. Com o escudo preso ao braço esquerdo à frente, protegendo-o de golpes inesperados e a espada em punho na mão direita.

Ele fechou os olhos e esperou, ao chegar a sua frente seu inimigo teve que desviar da espada fincada no chão, e se aproximou pelo lado esquerdo dele. Mas o inimigo fora distraído, já quase totalmente afundado na neve estava o escudo dele, quando percebeu o seu erro já era tarde demais, teve que se desviar dele para não correr o risco de cair ao pisá-lo, dessa forma quando foi golpeá-lo mirando sua fronte desprotegida, teve que afastar o escudo do corpo para não atrapalhar a precisão do golpe.

Tudo parou para ele, a neve que caía, a respiração de ambos foram suspensas. O mundo parou para suspirar e ver o que ia acontecer, então ele tomou a espada, tirando-a do chão com as duas mãos e afundou-a no peito do seu inimigo quando viu que o escudo não o protegia mais. Um golpe certeiro, onde desde o começo da luta tentou acertar, o coração. Afundou tão fundo a espada que teve que se ajoelhar, para suportar o peso do inimigo que caia de braços abertos sobre ele. Olhou-o no fundo dos olhos e viu a alegria que ele também procurava, a luta terminara e como toda batalha só havia um campeão.

domingo, 21 de junho de 2009

Confissões da Madrugada

Sou um futuro abandonado
A promessa não realizada
Uma vida esquecida
Um caminho interrompido

Vejo livros empoeirados
Estantes vazias
Horas que passam
O tempo lento a caminhar

Ouço o eco das palavras
Meus pensamentos
Músicas sem sentido
O silêncio ressoar

Sinto o coração bater
As velhas dores voltando
A esperança partindo
E as mudanças no ar

A chuva cai
Lágrimas secam
O sol se põe
A noite está próxima
É o fim que a tudo domina.

Mais selos

Queria agradecer a jessica do http://hoppipollablog.blogspot.com/ pelo selo, um blog que eu gosto muito, obrigado viu.

Photobucket

"Este selo é para blogs que 'demonstram talento, seja nas artes, nas letras, nas ciências, na poesia ou em qualquer outra área e que, com isso, enriquecem a blogosfera e a vida dos leitores'".



Regras:



1 - O premiado deverá expor o selo no seu blog e atribuí-lo a sete outros blogs que considere merecedores.

2 - O premiado deverá responder à seguinte pergunta: O que significa para si ser um Homo sapiens?


Blogs indicados:



http://verborragia-blog.blogspot.com/

http://intimoepessoalblog.blogspot.com/

http://ocaoocidental.blogspot.com/

http://scriptmanent.blogspot.com/

http://menosummaisum.blogspot.com/

http://sopadeentrelinhas.blogspot.com/

http://escritosdejoseanecosta.blogspot.com/





Ser um homem que sabe, não é fácil, pelo menos não para aqueles que se dedicam a descobrir se vale a pena saber. É procurar a verdadeira verdade.


Esse outro selo eu agradeço a branca do http://scriptmanent.blogspot.com/ e a jessica do http://hoppipollablog.blogspot.com/

Photobucket

As regras são:

1 – A pessoa selecionada deve fazer uma lista com oito coisas que gostaria de fazer antes de morrer.

2 - É necessário que se faça uma postagem relacionando estas oito coisas e é necessário que a pessoa explique as regras do jogo.

3 – Ao finalizar, devemos convidar oito parceiros de blogs.

4 – Deixar um comentário para quem nos convidou.





as oito coisas:

1 - realizar um filme de um roteiro meu

2 - publicar um livro

3 - ter um filho

4 - Ler todas as peças de shakespeare

5 - ver o meu blog crescer

6 - assistir o pealr jam ao vivo

7 - finalizar a minha coleção de filmes

8 - comprar um cinema



blogs indicados:
http://acronista.blogspot.com/

http://vivianelago.blogspot.com/

http://dailyofcamila.blogspot.com/

http://escritosdejoseanecosta.blogspot.com/

http://sopadeentrelinhas.blogspot.com/

http://menosummaisum.blogspot.com/

http://intimoepessoalblog.blogspot.com/

http://juventudeviciosa.blogspot.com/



esse eu agradeço a branca do http://scriptmanent.blogspot.com/

Photobucket

Selo: o teu blog merece ser filmado!


I- Escolher cinco situações da vida para passar em câmera lenta.

II- Escolher 12 blogs para o desafio, e avisá-los.



momentos:


1 - minha formatura

2 - a tarde do dia 06/05/2003

3 - o dia q conheci os meus amigos

4 - a primeira vez q peguei meu sobrinho nos braços

5 - a primeira vez q fui ao cinema



blogs indicados:


http://acronista.blogspot.com/

http://vivianelago.blogspot.com/

http://dailyofcamila.blogspot.com/

http://escritosdejoseanecosta.blogspot.com/

http://sopadeentrelinhas.blogspot.com/

http://menosummaisum.blogspot.com/

http://intimoepessoalblog.blogspot.com/

http://juventudeviciosa.blogspot.com/

http://aninha-ameninacor-de-rosa.blogspot.com/

http://verborragia-blog.blogspot.com/

http://sopadeentrelinhas.blogspot.com/

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Amanhecer

Estava amanhecendo. Apesar de tudo que acontecera, outro dia começava A luz do sol aos poucos rompia o véu escuro da noite que morria para dar nascimento ao dia. E esse hoje que começava trazia aos seus olhos um novo mundo. E esse novo mundo era um lugar onde tudo era diferente, um lugar onde valia a pena viver, onde seu coração podia bater livremente, sem receio e com a esperança de felicidade.

Ele via a luz do dia se aproximar, sabia que ao ser tocado por ela o frio que sentia iria embora. Por isso caminhava na direção dela, em direção ao sol. Caminhava lentamente, a tudo experimentando como se fosse pela primeira vez. Seus sentidos pareciam estar mais aguçados, tudo parecia mais vivo e próximo.

Ouvia o som de seus passos no concreto da calçada, marcando a passagem do tempo de maneira própria, fazendo parecer que seus passos eram a marchar do tempo, dessa forma naquele momento podia controlá-lo. Era só caminhar mais lentamente ou parar, que o tempo lhe acompanharia. Ouviu os despertadores tocando dentro das casas pelas quais passava, o som de um rádio dando as primeiras notícias do dia e até mesmo o bater de asas dos pássaros irrequietos por sempre acordar tão cedo.

Adorava aquela rua por causa das árvores que a ladeavam. A luz do sol fazia o orvalho das folhas brilharem como pequenas estrelas, quase ofuscando sua visão mais sensível. Tocava de leve as árvores ao passar por elas. Sentia o cheiro de café quente sendo servido e de flores.

Estava feliz, toda sua tristeza lhe abandonara. Hoje se sentia capaz de qualquer coisa, hoje era seu dia, seu momento. Devia tudo isso ao que acontecera no ontem, no que passou. Teve momentos em que pensou em desistir, em que realmente acho que esse dia não ia chegar, mas o amanhã que tanto desejou e sonhou se tornou o hoje. Apesar de todas as suas dúvidas sobrevivera para ver o amanhecer desse novo dia, aprendendo uma grande lição com tudo que sofrera, o maior remédio era sobreviver a cada dia, pois cada amanhecer é diferente, o próximo amanhecer pode ser o seu.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

O Chamado, Final

Não tinha idéia de quanto tempo dormira, mas sabia que nunca dormira por tanto tempo. Fora um sono escuro sem sonhos, um sono pesado de qual acordara sentindo as pequenas gotas da chuva fraca que caía. Sentia-se estranho, parecia que tinha dormido várias horas e agora acordava de um longo sonho, então se sentou tentando sair da letargia que o envolvia. Nada de música. Olhou para a garrafa de vinho e a viu vazia. Vazia como seu coração estava. Não lembrava de ter bebido tanto.

“Quanto tempo eu dormi?”, perguntou a si mesmo. A chuva fina tocava-lhe a pele de forma carinhosa, gostou tanto da sensação que fechou os olhos e se concentrou no que ouvia e sentia. Suas costas doíam, levantou lentamente para não piorar a dor e caminhou até a beirada novamente. Fez isso tão instintivamente que parecia estar programado para ver o que viu.

Não era o mesmo lugar que vira a pouco tempo atrás, era familiar, mas não era o mesmo lugar. Viu casas vazias velhas e decrépitas, onde antes moravam seus vizinhos. A rua esburacada e abandonada lhe oprimia. Só o poste a frente da sua casa ainda funcionava, todo o resto estava escuro como o céu sem estrelas.

Quase desmaiou com o peso do que vira e lembrara. Muito tempo se passara, mais tempo do que um sonho pode durar. Olhou para suas mão e viu dedos nodosos e a pele enrugada. Sabia o que acontecera.

Lembrou da noite em que aprendera a dizer não aos chamados. Aquela fora a primeira vez, a vez que transformou o seu coração, e cegou seus olhos e vedou os seus ouvidos. Desde lá, não conseguia mais ouvir, ver ou sentir quando lhe chamavam, quando necessitavam dele, e o tempo passou e o levou consigo rápido e feroz. Ele tomara as rédias de sua vida e o levou embora. Abandonando-o aqui para ver no que se tornara. Pois só o tempo se moveu, ele ficara no mesmo lugar.

Repetira tantas vezes não para ela, incontáveis vezes enquanto dormia. E não só para ela. Dissera não a tudo e a todos que tentaram tirá-lo do seu longo e merecido sono. Nenhum chamado o despertou, só agora, quando a noite cansada de ser ignorada por ele, resolveu acordá-lo e como nas outras vezes ele respondera. Sentou novamente naquela beirada, e lá ficou com a chuva a lhe confortar na solidão do seu silêncio, não tinha mais músicas em sua memória, não conseguia lembra de nenhuma e não era mais capaz de ouvir nenhuma. E depois de tantos anos, chorou junto com a chuva e ao lado da única que nunca o deixou, sua eterna amiga, a noite.

terça-feira, 2 de junho de 2009

O Chamado, Parte II

Alguns segundos se passaram. O mundo continuava girar, a gravidade ainda mantinha tudo em seu devido lugar. Ele ainda estava lá, sentado naquela beirada. A taça vazia e a garrafa de vinho repousavam próximas a ele. Teve que ter certeza disso, pois sentiu que naquele momento o seu mundo ia se desfazer bem na sua frente, denovo. Quase caiu quando atendeu ao telefone. Nada disse, e ninguém respondeu do outro lado, pois antes que pudesse dizer algo, ouvira a música.

Era Stand by me, dos Beatles. Ficou lá, ouvindo a música e se lembrando de tempos antigos, de quando tudo era mais fácil. Fora pego de surpresa e estava em transe. Lembrou de quando era criança e via Conta Comigo na sessão da tarde antes de ir jogar bola com os amigos. Lembrou de amigos que partiram e das aventuras que tivera com eles, lembrou de seus amores juvenis, e seus fins trágicos. Recordou de sua primeira vida. Era assim que ele via essa época, como outra vida que vivera há tanto tempo, uma vida tão distante que lhe parecia um sonho. O vinho cumpriu seu papel e o ajudou a se afogar em sim mesmo, viajou para no tempo para encarar o que se passou.

Fechou os olhos quando as lágrimas se libertaram de sua prisão, e foram deslizando livres pelo rosto dele. Poucas pessoas conheciam essa parte da sua lembrança, e só uma podia relacionar tudo fazendo ele se sentir daquele jeito. “Alô?”, disse uma voz feminina do outro lado da linha. A voz soou tão suavemente, se sentiu acordando de seus devaneios. Então teve certeza de quem era. Só uma pessoa conhecia tanto sobre ele.

“O que você quer?”, respondeu ele. Sua voz demonstrava a indignação que sentia. Sabia que fora desarmado daquele jeito por algum motivo, e seja qual fosse não iria se deixar levar. Enxugou as lágrimas e se serviu da quarta taça de vinho. Estava de volta a seu presente. Uma noite fria e solitária. Vinho e música. Problemas e decepções.

“Quero conversar”, ela disse. “Se eu lembro bem, você sempre atendeu quando te ligavam de madrugada. Você dizia para todo mundo que nunca desligava o telefone por isso. Porque se alguém precisasse de algo você estaria lá. Hoje sou eu quem precisa falar com você, vai me ouvir?”

Era verdade, muitas vezes recebia ligações de amigos e conhecidos que precisavam conversar com alguém, e por duas vezes atendera a desconhecidos também, que por uma coincidência tinham ligado errado para a pessoa certa. Mas ela era a responsável pelas feridas que mais sangravam.

“Não posso fazer isso”, respondeu ele. “Você sempre me pede mais do que posso fazer”. Lembrou de outra música, Piano Bar, dos Engenheiros do Havaí, eram os versos que definiam sua relação com ela. Ele dando muito e pedindo pouco. “Já te dei muito, não vou dar mais nada, já chega.”.

Ele sentiu sombras cobrirem seu coração quando ouviu o choro do outro lado da linha. “Por favor, estou tão sozinha, preciso falar com você e você precisa me ouvir.”, ela suplicou. As palavras dela sempre tiveram uma forte influência sobre ele, mas hoje não se deixou levar, sofrera demais por ela. “Eu não posso”, foi só o que conseguiu dizer. Ouviu-a suspirar, sabia que essa não seria a última vez, porque ela nunca o deixaria, sempre voltaria em outras noites para tentar se fazer ouvir. Hoje ela tentou chamá-lo pelo telefone, tentando ludibria-lo, aproveitando que estava bêbado para iludi-lo. Hoje ela perdeu, amanha não sabia qual seria o seu artifício. O que ele também não sabia era que seria cada vez mais fácil se negar. “Até logo”, ela disse, com uma tristeza cortante, e desligou.

Ele então se levantou e foi deitar no chão frio. Nas últimas semanas se acostumara com o frio. O telefone voltou a tocar música. L`aventura, Legião Urbana, segunda música do Tempestade. “Mais uma vez apropriado”, pensou ele. Não se sentia melhor por ter conseguido dizer não para ela. Talvez fosse melhor viver com o pesar dela dentro da sua cabeça, mas era definitivamente mais fácil dormir assim. Dormiu quando a música ia acabando com seus versos finais.