sábado, 12 de dezembro de 2009

Sonâmbulo

Vários sons se misturavam dentro daquele lugar, gerando uma cacofonia de efeitos que para muitos poderia ser perturbadora, mas para ele era relaxante. Fazia-o se perder e se confundir, podia ser efeito da música, do álcool ou mesmo as sombras que a sua volta. Elas não tinham rosto, iam e vinham, e por mais que se esforçasse, não conseguia distinguir o que eram.


Tinha perdido a noção do tempo que havia transcorrido, como se estivesse dormindo dentro de si mesmo e sonâmbulo vivia a sua própria vida em um sonho confuso. Algo havia lhe entorpecido a alma, um nada que o tomava deixando-o cada vez mais anestesiado e distante da realidade. Uma escuridão que a tudo engolia e o envolvia. Não resistia a ela, pois só desejava não mais sentir nada. Queria que a dormência e o silêncio enfim inundasse seu espírito e lhe desse a paz desejada.


Então percebeu uma forma se aproximando dele, não era uma das sombras sem rosto que vira antes, era uma mulher de longos cabelos negros e olhos escuros. Ela estendeu a mão para ele e o trouxe para perto de si. Sentiu braços quentes lhe envolvendo. Por um momento entrou em pânico, estava acordando denovo e isso lhe assustou, mas a voz dela o acalmou.


E por um tempo encontrara ali a paz que tanto procurava, mas esquecera das antigas lições. Assim o tempo passou e tudo mudou, quando descobriu que as palavras nada significavam ou as ações não mudavam o seu fado, mais uma vez se viu perdido. Ao sentir tudo voltar, estava mais cansado do que nunca, o que o fez mais distante e adormecido. Não sabia se iria acordar novamente, de fato de não parecia se importar, afinal mais uma vez de nada lhe valeu o caminho percorrido ou a carga absorvida.


Antes de voltar a adormecer sussurrou, para as sombras que voltavam, um desejo secreto oriundo da última parte intocada de seu coração. Um infantil e inocente desejo de que, quando acordasse denovo, tudo fosse diferente.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Vazio

Ele sentiu algo se mexer dentro do seu peito. Estava lá há muito tempo, e agora tinha se tornado maior. Tomava seu coração e seus pensamentos. Não o deixava mais ser ou viver, era como se estive anestesiado, adormecido. Ele andava, comia, estudava, trabalhava e às vezes conseguia dormir. Assim era o vazio que lhe tomava.

Não era a primeira vez, por mais que tentasse sempre voltava a esse ponto. Se conseguisse pensar veria sua culpa e quem sabe poderia criar um final diferente para si mesmo. Ele precisava de ajuda, mas não conseguia gritar por ela, pois ele mesmo não percebia isso. Sem seu conhecimento o tempo passava e nada mudava.