terça-feira, 12 de maio de 2009

Distância

Ela estava ali, tão presente que ele podia senti-la no ar. Acreditava que se esticasse o braço e estendesse a mão podia tocá-la, mas tinha medo. Desejou que ela não existisse. Pela primeira vez na vida se lhe dessem a opção ficaria com a dúvida em vez da verdade.
Era uma das poucas coisas que temia em sua vida, pois sabia o efeito que tinha sobre as pessoas. Ele pôde vê-la afastar várias coisas que sempre amou, a especialidade dela sempre fora essa, separar, e ela nunca falhava nisso.
Aprendeu a temê-la, afinal era uma inimiga que nunca vencera, e ele odiava perder. E ao odiá-la só piorava tudo, porque ele sabia que não pode entender algo que se odeia.
Sua natureza falou mais alto, então resolveu abrir os olhos e enfim ver como ela era, mas para sua surpresa não era como ele achava, só viu uma superfície lisa à sua frente que à primeira vista parecia tão fina e frágil.
Aproximou-se e a tocou, pensava que podia atravessar aquela barreira que mais parecia uma cortina de água, mas se surpreendeu outra vez ao perceber que sua mão não podia atravessá-la, parecia que a superfície ficava mais resistente quando aumentava a pressão que fazia.
Podia ver o outro lado, podia ouvir quem estava lá, podia até a sentir os cheiros familiares que vinha através dela. Ficou confuso com tudo isso, queria não ter sentido nada, pensou que não sentiria nada enquanto ela estivesse entre ele e o que amava. Só de saber que havia algo lá já era torturante, mas poder ver, ouvir e sentir o que estava do outro lado tendo a certeza da presença dela ali era definitivamente mortificante.
Poucas vezes se sentira tão triste em sua vida, estava além da sua compreensão que algo aparentemente tão frágil pudesse tirar dele várias coisas que amara.

3 comentários:

  1. Lindo texto!!! Adorei!

    Obrigada por sua visita no meu blog.

    bjo

    ResponderExcluir
  2. Oi querido, tem um desafio pra ti no meu blog!!

    beijos

    ResponderExcluir
  3. Lindo o texto. O jeito como você transmite a mensagem através da narrativa é lindo.
    Parabéns, Jean

    ResponderExcluir