domingo, 6 de junho de 2010

Confissões da Madrugada II

"Há muito nao venho aqui , por muito tempo evitei encarar a verdade. Em minha jornada o maior aprendizado adiquirido foi o peso das minhas próprias palavras. Por algum motivo minhas palavras pesam como minha armadura, cuja qual se despedaça em meu corpo. Minha espada está perdida, e mesmo antes de perdê-la de nada mais me adiantava, pois estava cega e quebrada, meu cavalo mal pude enterrá-lo quando morto de fome e sede, já naquele momento minhas forças haviam me abandonado.



Minha jornada em busca daquilo que não me pertence falhou mais uma vez, tudo sacrificado para constatar aquilo que já sabia desde minha juventude: algumas coisas nunca mudam, e uma delas sou eu. Voltei aqui com o objetivo de cravar minha palavra de uma vez por todas, nessa pedra sagrada que é esse altar. Confesso que mais uma vez falhei.


Falhei para comigo quando ao tentar fugir de mim mesmo não consegui, a certeza de que serei sempre o mesmo ao mesmo tempo deixa-me triste e cansado, quiz muito ser algo diferente disso, mas ser o que nascemos para nos tornar é a pedra fundamental da vida.



Falhei para com aqueles que depositaram confiança em minha força e sabedoria, descubro de forma trágica que não sou forte e muito menos sábio, sou humano apesar de tentarem me ver e fazer-me acreditar que poderia ser algo maior do que apenas um homem comum.



Falhei especialmente para ti, ao não cumprir minhas promessas. Sei que prometi proteger-te, amar-te e amparar-te sempre, mas tantas batalhas me cansaram demais, assim como o aço de minha armadura e a lâmina de minha espada, meu espírito vergou e perdeu a força perante o excesso de lutas.

Vejo agora como sou simplório, infeliz e fraco. As dúvidas me tomam o espírito, mas só gostaria de poder emfim deitar perante a ti e descansar em seu leito, enquanto afaga meus cabelos e sussurra em meu ouvido palavras doces. Só assim poderei acreditar novamente que tudo pode terminar bem.

Aqui confesso, nessa madrugada fria, solitária e triste, que nunca mudarei ,apesar de querer muito, sempre serei eu mesmo, e apenas isso."

5 comentários:

  1. Uma das coisas mais assustadoras na vida é o autoconhecimento, assustadoras e dificeis de se falar. E dificil se digerir e nao gostar nem um pouco...
    Muito bom o texto.

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  2. Fiquei sem palavras diante de sua confissão, o peso da vida, das falhas, de encarar a si mesmo e ver apenas você...um desabafo muito intenso (e ótimo).

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  3. Bom texto. Sinto falta de seus posts nessas longas ausências, rs.


    Certa vez, perguntaram a Arthur o que fazia ser grande cavalheiro.
    Não era quantos homens houvera matado, ou quantos anéis de guerreiro trazia em seus dedos.
    O que o fazia grande era o quanto era nobre seu coração.
    Mesmo que promessas fossem partidas e alianças quebradas.
    O verdadeiro cavalheiro era aquele que dava toda a sua alma e seu sangue dentro e fora do campo de batalha, em tudo aquilo que ele acreditava ser o melhor para seu povo e para aqueles que ele ama.

    Mesmo que ele se veja simplório, infeliz e fraco, sempre há a possibilidade de renascer outra vez, como faz a fênix.
    Porque sua armadura é sustentada por seu coração.


    Até.

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  4. - Estou feliz que vc tenha voltado para si mesmo. Confesso, tive medo que se perdesse no caminho...
    Mas como eu esperava vc foi forte o bastante para voltar!!!

    Ainda acredito em vc...

    Bjo

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